Os benefícios que a leitura traz para crianças e adolescentes já são conhecidos há tempos. Entretanto, ainda hoje, ela é deixada de lado, abandonada, em detrimento de outras atividades cotidianas. Tentando conscientizar os pais para incentivarem seus filhos a ler, a revista Crescer para Educar produziu algumas reportagens com o tema.
Siga as dicas do especialista e faça seu filho de 12 a 18 anos desenvolver o gosto pela leitura
Foto: Marcella Briotto
Para o pedagogo Tiago Calles, na adolescência "o livro está ali para divertir, fazer refletir, e não ter vínculo à prática de ensinar"
Ele tem mil e um pretextos para deixar os livros de lado. Diariamente seu filho, já em plena adolescência, é estimulado a dar atenção ao que funciona por meio de botões e luzes, colocando em movimento um mundo de impressões coloridas e sonoras. É o ritual irresistível da tecnologia, sobretudo para quem contava apenas com o que estava no papel para soltar a imaginação. Concorrência brutal - e o livro sai perdendo, eis a conclusão que atormenta os pais que prezam a leitura. Ou haveria como conquistar o espaço do livro no dia a dia de um jovem tão conectado com o seu tempo?
A batalha é difícil, mas a vitória, certa. Ao menos, tem-se essa impressão ao falar sobre o tema com Tiago Calles, professor de Português do Fundamental II, no Colégio Hugo Sarmento, na capital paulista. "O mais importante, entre os jovens de 12 aos 18 anos, é deixar claro que a leitura pode ser um ritual de prazer", avança Tiago, que também dá aula na rede pública de ensino. "Por isso, os pais precisam ter bastante cuidado na hora de escolher o tema de um livro, é o que vai fazer toda a diferença para estimular o filho adolescente a ler - e não provocar o efeito contrário".
Livros de acento pedagógico, por exemplo, devem ser evitados. "Nessa fase, o livro está ali para divertir, fazer refletir, e não ter vínculo à prática de ensinar", salienta Tiago. Escolher o tema do livro de acordo com o temperamento do filho é outra atitude sensata. Ainda há dúvidas quanto à seleção de títulos? Pedir ajuda aos funcionários especializados da livraria sempre dá bons resultados. E quando pai e mãe não têm o hábito de ler, mas gostariam de ver esse gosto desenvolvido no filho, o que fazer? Pior: como fazer da internet parceira de um livro de ficção? Respostas a essas e outras questões que dizem respeito ao prazer de ler entre jovens de 12 a 18 anos são destacadas a seguir, todas elas com o respaldo do nosso especialista.
1.A troca entre pais e filhos é muito estimulante
Na casa onde vivem pais leitores, o jovem já está familiarizado com a leitura desde criança, facilitando a manutenção desse hábito a partir do 6º ano, início do Fundamental II. Nesse ambiente, importante é a troca de informações/opiniões entre pais e filhos sobre temas que chamaram a atenção ao longo da semana, caso da redação primorosa de um artigo de jornal ou revista ou a última peripécia da personagem de um livro de aventuras, cuja leitura está em andamento. "Se esse tipo de chama se mantiver acesa em casa, trabalhar com a leitura é tarefa fácil mesmo entre adolescentes", garante Tiago.
2. Da escola para casa
Quando não há vínculo com a leitura, quando pai e mãe não são leitores de todas as horas, o importante é "pescar" o interesse da família para um determinado livro. Ou seja: o tema deve atrair tanto o filho quanto a sua família. Como? "Normalmente, a roda de leitura entre alunos, em sala de aula, acaba sendo depois muito proveitosa em casa", comenta Tiago. "Se a história for boa e atrair a atenção dos alunos, eles vão contá-la aos pais, despertando neles o desejo de saber mais sobre o enredo". Exemplo? "O gato preto", de Edgar Allan Poe. "O conto é imbatível, atraindo todo tipo de público".
3. O adolescente não se prende a horário de leitura
Estabelecer, na rotina doméstica, horário de leitura pode ser contraproducente, afugentando o jovem leitor em potencial. "Ele já tem muitas tarefas para cumprir no dia a dia, não deve ser penalizado com mais uma", alerta o especialista.
4. É importantes combater as distrações
Desligar a TV, idem, o aparelho de som e o computador em determinados momentos do dia. Pais que tomam essa iniciativa favorecem a criação de um clima propício à leitura em casa, diminuindo o poder de distração exercido pela tecnologia sobre o filho adolescente. "O tempo de se sentar ao redor de uma fogueira para comentar histórias que acabaram de acontecer ou aquelas transmitidas há gerações já passou... Melhor defender o valor do livro agindo de modo objetivo no dia a dia", recomenda Tiago.
5. Leitura e navegação na web podem ser conciliadas
Há blogs especializados em ficção, melhor, em fãs de ficção - os chamados "fanfics". Eles permitem a quem navega na web alterar o rumo de uma história favorita, acrescentando personagens, modificando o final etc.. Pode ser história estrelada por Harry Potter ou escrita por Lygia Bojunga. São blogs que exemplificam, na opinião do nosso especialista, "o uso de uma ferramenta atual na exploração da literatura e da escrita".
São exemplos que provam ser errôneo julgar a internet como inimiga mortal do livro. "Tudo depende de como ela é utilizada", observa Tiago. "A internet pode inclusive estimular a leitura ao disponibilizar, por exemplo, contos que estão esgotados sob a forma de livro". Tablet? É outra ferramenta moderna que pode ajudar o adolescente a se aproximar da leitura.
São exemplos que provam ser errôneo julgar a internet como inimiga mortal do livro. "Tudo depende de como ela é utilizada", observa Tiago. "A internet pode inclusive estimular a leitura ao disponibilizar, por exemplo, contos que estão esgotados sob a forma de livro". Tablet? É outra ferramenta moderna que pode ajudar o adolescente a se aproximar da leitura.
6.Para uma fase dinâmica, o microconto é uma boa
Escritores como Samir Mesquita, por exemplo, são especialistas em microcontos - e o seu livro "Dois Palitos", é um sucesso editorial que começa a ser disponibilizado na web. Ele usa o modelo do Twitter, onde a escrita é feita com apenas 140 caracteres, para contar uma história. E deixar fascinada a garotada (o coletivo "Sem Ruído" também tem se especializado em minicontos, vale pesquisar!).
Novidades como os "fanfics" e os microcontos, quando apresentadas pelos pais aos filhos, surpreendem em dobro, tornando a experiência irresistível - ainda mais se os pais participarem ativamente do ritual da leitura.
Novidades como os "fanfics" e os microcontos, quando apresentadas pelos pais aos filhos, surpreendem em dobro, tornando a experiência irresistível - ainda mais se os pais participarem ativamente do ritual da leitura.
7.A opinião tem grande valor
O livro despertou um comentário do seu filho com o qual o papai não concorda? Atenção. Esse jovem leitor toda a liberdade de interpretar uma história do jeito que mais lhe diz respeito - opinião que deve ser valorizada para depois servir de tema de discussão, por exemplo, durante uma refeição com o resto da família.
8. Ler enriquece a imaginação
Por que o livro continua a ser importante, seja qual for a idade do leitor? Basta pensar no fato de ele não trazer nada pronto, o que sempre serve de estímulo à imaginação. "Por mais que o autor dê detalhes, cada aluno faz uma versão bem pessoal de uma personagem, se a ele for pedido um desenho", destaca Tiago.
Fonte : Revista Educar para Crescer
http://educarparacrescer.abril.com.br/listas/importancia-leitura-737731.shtml
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